sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A seguir texto extraido do site do Instituto Lina Galvani, de São Paulo:

A 11ª Expedição – Taguá(21/12/2007)O ano estava se findando... Desta vez fomos conhecer Taguá, antiga Campo Largo, porque, segundo o livro da historiadora Ignez Pitta, “Campo Largo teve grande importância durante o período colonial. Sua criação foi 02 de dezembro de 1698 juntamente com Barra e Santa Rita. Eram os únicos núcleos habitacionais do Oeste Baiano e onde havia a presença de representantes do governo da colônia e do Rei de Portugal. O núcleo original de Cotegipe era Campo Largo, arraial de índios mansos, reconhecido por D. João de Lancastre, 32º Governador Geral do Brasil, por ordem do Rei de Portugal. Cotegipe, no passado colonial, destacava-se pela produção e exportação de sal, proveniente de salinas, que era comercializado até em Minas Gerais e Goiás. Sua agricultura e pecuária são importantes devido à excelência dos terrenos. No passado produziu muito algodão e cana”. Lá, conhecemos um senhor de 90 anos, quase cego, casado com Dona Flora. Sentamos em sua sala e pedi permissão para filmá-lo.- “Meu nome é Benvindo Gomes de Santana”.- “E o nome da senhora?” Perguntei.- “Meu nome é Flora Ferreira de Santana”.- “O senhor nasceu aqui?” Perguntou Harue.- “Não, numa casa na beira do rio”.- “E como era aqui naquele tempo?”- “Naquele tempo era bom, tinha juiz de direito, a prefeitura era aqui.”- “O senhor lembra onde ficava a prefeitura?”- “A prefeitura era na beira do rio, já caiu. Depois aqui acabou, acabou mesmo.”- “Aqui também tinha antigamente produção de sal. O senhor já ouviu falar?” Perguntou Harue.-“Não, não tinha não, aqui fabricava o sal nas lagoas”.- “Ah! É isso, existem essas lagoas ainda?”-“Existe e tem o sal”.- “E onde era produzido o sal é muito longe daqui?” Continuou Harue interessadíssima em conhecê-las.- “Um pouco, lá eu ainda me lembro que tem os côcho. O povo começou a pegar sal, o sal deu pra levar pra Barreiras. O primeiro vapor que entrou aqui de 2 rodas, uma de um lado e a outra de outro”. - “O senhor andava de vapor também?”- “Andava”.- “O que o senhor fazia antes de aposentar?”- “Trabalhava na lavoura”.- “Produzia o que?”- “Milho, arroz, mas não vendia, naquela época não tinha exportação nenhuma”.- “E produzia cachaça, alguma coisa assim?”- “Não”.- “Tinha gente produzindo?”- “Não. Aqui não tinha nem cana-de-açúcar, rapadura, essas coisa não. Em São José as barca subia pra comprar rapadura, não existia açúcar naquela época, as barca subia aí pra comprar rapadura, tinha barca de 16.000, 20.000 rapadura”.- “Ah tá! Esse foi o tempo das barcas, depois foi o tempo do vapores?” Perguntou Harue.- “Acho que tinha barca e vapor, sei não!” Respondeu Dona Flora.- “Depois era as barca, depois foi vapor”. Respondeu Seu Benvindo.- “E o senhor já viajou pra onde, quando tinha vapor aqui?” Perguntou Harue.- “Viajei pra Juazeiro, ia até Salvador!”- “Pra ir pra Salvador como o senhor fazia?”- “Ia de barco daqui a Juazeiro e lá pegava o trem de ferro pra Salvador”.- “Ah! Em Juazeiro tem o trem de ferro?” Questionou Harue.- “Tinha, não sei se tem ainda. Gastava 8 a 10 dias daqui a Juazeiro e gastava 3 dias de Juazeiro a Salvador. A capital também era um matão, um absurdo, uma sujeira enorme. Naquela época era tudo acabado. Aqui era porco, era bode, tudo no meio da rua, o gado...”- “Qual a importância do rio?” Perguntou Bernadete.- “A importância do rio é o peixe pro povo. Sempre foi e agora ainda é mais”. Comentou Dona Flora.- “E o peixe é muito que produz aqui, o povo de Barreiras vem pescar aqui”. Continuou Seu Benvindo.A nossa conversa foi longa... Eu perguntei se conheciam alguma estória de assombração e Seu Benvindo narrou estórias incríveis sobre uma “onça cabloca” que fazia um buraco na cabeça do gado do tamanho de uma moeda de cruzado e chupava os miolos. “Matô foi muicho gado aqui”, disse ele. Fernanda Aguiar Advogada e consultora ambiental da Religare e especialista em G.R.H. e Educação Ambiental

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